Minha amostra, que envolve mais de 30 revistas brasileiras e mais de 3 mil artigos publicados entre 2007 e 2012 identificou que aproximadamente 35% das autorias dos artigos é feminina. Embora seja um valor baixo, ele representa uma participação feminina maior do que sugere o percentual de docentes mulheres em programas de pós-graduação, que em 2012, era de aproximadamente 20%.
Minha primeira análise foi identificar em quais revistas há maior proporção feminina. A Figura abaixo mostra esta estatística. A participação variou entre 23% e 58% sendo que em apenas 3 revistas a participação feminina ultrapassou a masculina.
A segunda análise partiu do fato de que, visualmente, foi possível identificar uma certa concentração de revistas de mesmo estrato do Qualis quando a participação de autores por gênero era colocada em ordem crescente. Daí que fui verificar o Qualis da revista e a participação feminina.
A Figura abaixo sintetiza essa informação, com base no Qualis vigente em 2012, último ano do intervalo da minha coleta de dados.
Embora as figuras acima sejam apenas a estatística descritiva da distribuição de autorias por gênero, por revista e por estrato do Qualis, o fato é que houve, nos dois últimos triênios da Capes, uma relação inversamente proporcional entre a participação feminina em autoria e a ordem dos estratos do Qualis.
O que não foi possível identificar foi a causalidade dessa relação. Será que revistas de estratos mais altos tendem a publicar artigos de autoria masculina ou será que mulheres submetem com maior frequência artigos para revistas de estratos mais baixos?
E mais do que isso. A situação acima mostrada foi até 2012, quando havia apenas 4 programas de doutorado no país. O que começou a ocorrer a partir de 2013, quando os programas de doutorado começaram a se multiplicar?
Então me ocorreu que a distribuição de autores por gênero poderia estar mudando ao longo do tempo e pra isso fiz os gráficos por estrato do Qualis como mostram as figuras abaixo. Cada uma delas mostra a proporção de autorias masculinas e femininas ao longo do tempo, para cada estrato do Qualis.
Enquanto em alguns estratos a participação permaneceu quase contante, a participação masculina aumentou ao longo do tempo nos estratos B5 e C e a feminina nos estratos A2, B3 e B4. Outras análises devem ser realizadas para que explicações possam ser encontradas.
Mas no geral, as perguntas acima estão longe de terem respostas e acho que esses questionamentos vão abrir um vasto campo de pesquisa sobre sociologia da ciência na área de Contabilidade nos próximos anos.
Um comentário:
Achados bem interessantes caro colega. Portanto, tive de citar. Agradeço por socializar.
Ademais, de fato, são questão que servem de base para pesquisas que podem trazer contribuições significativas para a contabilidade e para a sociedade. Em especial, a investigação sobre fatores que orientam para uma determinada publicação. Resultados de estudos como estes podem promover uma distribuição mais equân
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