Esse texto teve como origem a conversa com um amigo meu que
é também professor. Conversávamos sobre eu estar cursando doutorado e o
interesse dele de entrar no mestrado quando ele me pergunta: ‘É difícil alguém
de fora entrar no mestrado?’. A princípio eu respondi: 'Não. Qualquer um pode
entrar.' E de fato a minha resposta não está incorreta. Mas essa conversa me
fez pensar sobre a diversidade de alunos dos programas de pós-graduação que eu
conheço e me bateu a curiosidade por evidências empíricas sobre variedade.
Fui então coletar dados para sustentar a minha defesa.
Identifiquei os resultados dos processos seletivos de 12 dos 21 programas de
pós-graduação stricto sensu,
acadêmicos e profissionais, que existem no Brasil e fui analisar a afiliação
destes alunos. Com esses dados montei as tabelas abaixo, por instituição.
Resultado de processo seletivo de Mestrado
É possível identificar que 35,6% dos alunos que foram
selecionados para ingresso no mestrado já haviam cursado a graduação na mesma
IES de forma que estas escolheram quase dois terços de alunos oriundos de
cursos externos a instituição.
Esta constatação já não se aplica ao doutorado. Embora os
alunos que cursaram a graduação na referida IES em que foram selecionados para
o doutorado representem apenas 15,2% da amostra, o percentual de alunos que
foram selecionados para o doutorado que cursaram o mestrado na mesma IES
representam 49,1%. Mas ainda assim, metade dos alunos escolhidos é oriunda de
fora das instituições, o que aponta uma boa receptividade dos programas a
alunos externos.
Evidentemente esse levantamento não leva em conta uma
informação muito importante que é: qual é o percentual de candidatos formados
externamente às IES com programas de pós que se candidatam aos processos
seletivos.
Outro cuidado que se deve ter é que a maior parte dos
programas acima listados é mantida por IES públicas, e não dispõem de orçamentos
de marketing para divulgar o
programa. Possivelmente o maior recurso de divulgação que estes programas
possuem é o boca a boca entre os egressos e a divulgação informal feita pelos
docentes, que alcança principalmente os estudantes de graduação da mesma IES.
Curiosamente, já respondi dúvidas de possíveis candidatos que não tinham
conhecimento nem da gratuidade da maioria dos programas acima.
Dois programas que adotaram estratégias de divulgação
interessantes foram os da USP e USP RP que se utilizam de sessões no Congresso
USP de Controladoria e Contabilidade para apresentar o programa aos
congressistas interessados. Estas sessões, que possuem um custo relativamente
baixo, certamente poderiam ser utilizadas por outros programas também.
Por fim, penso que talvez seja de interesse dos CRCs, órgãos
representantes da classe contábil, a divulgação do funcionamento destes
programas e o estímulo à divulgação destes entre os contadores de cada estado.
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